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USF do Forte deixa Alverca e Póvoa com menos médicos

LOCAL. A Unidade de Saúde Familiar do Forte da Casa começou a funcionar no dia 2, assegurando que mais 5146 utentes da freguesia passam a dispor de médico de família. O novo sistema veio, no entanto, desfalcar os centros de saúde de Alverca e da Póvoa, que ficaram com menos médicos

Jorge Talixa

A recente abertura da Unidade de Saúde Familiar (USF) do Forte da Casa está a gerar problemas nos centros de saúde de Alverca e da Póvoa de Santa Iria. As USF assentam num modelo de gestão próprio em que as equipas de médicos e enfermeiros têm mais responsabilidades de gestão, assumem mais compromissos de resposta às necessidades dos utentes e recebem compensações superiores. A criação da USF do Forte levou a que dois médicos de Alverca e um da Póvoa optassem por mudar para a unidade de saúde do Forte da Casa. Aqui, a abertura da USF fez com que mais alguns milhares de utentes passassem a ter médico de família. Em Alverca e na Póvoa sucedeu o contrário, aos cerca de 15 mil utentes que já não tinham médico de família juntaram-se mais alguns milhares.

Maria da Luz Rosinha, presidente da edilidade vila-franquense, disse, ao NA, que a câmara tem acompanhado a situação da falta de médicos no concelho e em particular este último episódio. “Penso que a questão da criação da USF vem dar uma resposta muito alargada à população. Agora cabe também resolver as outras questões. Esse esforço tem vindo a ser feito, inclusivamente em reuniões com a coordenadora dos centros de saúde de Vila Franca de Xira, que está muito consciente que a saída de dois médicos de Alverca e de um da Póvoa”, observou a autarca, frisando que a ministra Ana Jorge tomou, recentemente, novas medidas que abrem novas possibilidades de contratação de médicos para os centros de saúde, incluindo a hipótese de contratação de profissionais já aposentados interessados.

“Aqui há uma responsabilidade clara do Ministério da Saúde, que tem que a assumir. Abriu-se agora uma nova formação de médicos na Universidade de Aveiro. Entretanto há alguns recursos que é possível obter através de novas decisões”, prosseguiu Maria da Luz Rosinha, afirmando que acredita que estas situações se vão resolver.

Preocupado está também Nuno Libório, vereador da CDU, lembrando que nas freguesias do sul do concelho já havia cerca de 15 mil pessoas sem médico de família e que esse número vai aumentar. “Vemos a situação com bastante apreensão. Temos que a conhecer ainda um pouco melhor para percebermos melhor a verdadeira dimensão das suas consequências”, referiu, explicando que a CDU já pediu uma reunião à coordenadora dos centros de saúde do concelho.

O autarca comunista critica a visão cada vez mais economicista nas políticas de saúde seguidas pelos últimos governos e a forma como os centros de saúde têm ficado desfalcados de meios humanos. “Muitos destes utentes sem médico de família acabam por ter que recorrer às urgências do Hospital Reynaldo dos Santos e do Centro de Saúde de Alverca, quando um melhor funcionamento do Serviço Nacional de Saúde daria certamente outro tipo de respostas”, conclui.

Já Rui Rei, vereador da coligação Novo Rumo, vê a criação da USF do Forte da Casa de “uma forma muito positiva”, porque “dizem que a população do Forte da Casa vai ser melhor servida em termos de cuidados de saúde”. O eleito social-democrata reconhece, contudo, que continuam a existir problemas nos centros de saúde de Alverca e da Póvoa, agora “agravados”.

“O que vai acontecer é que o problema se vai agravar e quando alguns, estou a lembrar-me do Governo e do senhor primeiro-ministro, falam permanentemente da defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas o que estão a fazer é obrigar os que menos posses têm a ir para a iniciativa privada. Quando as pessoas não têm médico no SNS têm que ir ao médico privado e na medicina privada não faltam médicos. Isto não é sério, principalmente para aqueles que andam sempre com o SNS na boca e depois fazem isto”, critica.

Rui Rei defende que tudo isto tem que ser moralizado, que Portugal tem que formar mais médicos e que, enquanto isso não acontecer, deve recorrer a todas as possibilidades, incluindo a de os contratar em Espanha, no Brasil ou na restante América-Latina, referindo que não se podem aceitar algumas das reservas que a Ordem dos Médicos tem colocado, quer à abertura de cursos, quer à contratação de profissionais estrangeiros. “Com estes problemas, o que estamos a fazer é a prejudicar quem não tem meios. O grave é que não existam médicos para quem não tem meios. Temos que acabar com o lóbi que impede que haja médicos em quantidade suficiente”, sustenta.

Relativamente ao concelho de Vila Franca de Xira, Rui Rei acha que o município “tem que reclamar cada vez mais a presença de médicos e, se houver necessidade, encontrar soluções alternativas”.

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